sexta-feira, setembro 22, 2006

As sem-razões do amor

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

3 comentários:

Teresa Durães disse...

Olá

Não conhecia o poema. Na realidade conheço pouco Carlos Drummond Andrade.

Não sei porquê lembrei-me do poema de Ricardo Reis

"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"

(os amores cálidos, passivos)

:)

Boa noite!

butterfly disse...

Enlacemos as mãos - Desenlacemos as mãos. Acho isto genial.
Se eu conhecesse tudo, não valia a pena viver. Conheço muito pouco .
Boa noite:)

Leonor C.. disse...

Quando encontrares uma diz-me, onde pois também estou a precisar. Às vezes até tenho raiva de ser assim!

Bom fim de semana