Chove. Olho pela janela e é o Outono que vejo. Olho para mim, as mãos gélidas de pedra. Não estou morta mas não sinto vida. Percorro a espiral e aproximo-me do fundo. Volto à janela. Fixo o verde do campo que se estende. Embrenho-me nele. Inspiro aquele cheiro a terra húmida que leva ao início. Corro. Pés descalços e a terra. No céu a águia voa e eu sigo a rota. Voa em círculos cada vez mais pequenos. Páro. Olho-a e os nossos olhares prendem-se. Caça. Voo a pique. Mergulha. Sinto as garras nos meus ombros. Fecho os olhos. Não resisto.
Docemente sou agarrada, puxada e voamos, cada vez mais alto.
Vou perdendo os medos, as angústias, as dores, as raivas.
Volto a ser eu.
Ao longe brilham os teus olhos.
1 comentário:
isto é muito bonito.
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