terça-feira, novembro 28, 2006

Mario Cesariny
Partiu mais um poeta.
Numa das últimas entrevistas dadas, à pergunta "Acredita na imortalidade?", Mário Cesariny responde: "Não sei. Quando lá chegar eu telefono (risos)." Não vai ser preciso telefonar, a sua imortalidade permanecerá através dos seus poemas e da pintura.
Deixo aqui dois dos seus poemas, talvez os mais conhecidos.
poema
.
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
estação

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
De outras, esperei-me eu e não apareci
embora bem procurado entre os mais que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça

Mário Cesariny

3 comentários:

De tudo e de nada disse...

Em memória dele e lembrando-me de ti. Beijo.

Teresa Durães disse...

já não comento MC, sorry..

fiquei cansada dos poemas dele ahahahha

beijo

nnannarella disse...

______________________

Acabei por saber que tanta gente que eu conhecia, o havia conhecido.

Dele fiquei a saber, por exemplo, que não passava sem coca-cola e que adorava sopa de baldroegas...:)

Conversas tal & qual de velório. Mas daqueles alegres.
E tem algum mal ?:)

Fiquemos à espera do telefonema dele...:)

Beijinho.