segunda-feira, outubro 02, 2006


Há muito tempo que não me sentia assim!
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Acordei cedo,à hora habitual de um dia de trabalho, apesar de ser Sábado e poder ter dormido o tempo que me apetecesse.
Tive uma noite desgastante, a cama desfeita, uma mão esfolada, não percebi onde, talvez na tentativa, bem sucedida de evitar uma queda da cama.
Consigo quase sempre lembrar-me dos meus sonhos e se há uns absolutamente loucos, outros há que, de se repetirem, parecem reais.
Estava na minha quinta; o grande portão sempre aberto, ao fundo o casarão e lá dentro tudo o que me é familiar: os quartos cheirando a alfazema, os quadros nas paredes, a escada de madeira rangendo sob os meus pés e a grande cozinha, imaculadamente limpa, com o velho fogão a lenha. Na mesa central, uma azáfama. Descasco os frutos da época para fazer compota: maçãs.
No aparador, os frascos alinham-se de boca para baixo, esperando serem cheios. Ao lume, a panela de cobre fervilha, à minha volta o odor das maçãs.
Saio para o alpendre, olho ao fundo uma serra qualquer, recortada no azul do céu. Desço uma meia dúzia de degraus de pedra e dirijo-me a uma bicicleta, tal e qual a da minha infância, preta com uma risquinha vermelha, preso ao guiador o cestinho de vime.
Vou buscar mais maçãs. Começo a pedalar ladeira abaixo e, sem qualquer aviso, sinto-me a cair.
Acordo!
Não percebi se foi o meu sonho que induziu a "quase queda" ou vice-versa e isso não tem grande importância.
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Há muito tempo que não me sentia assim, tão bem!

7 comentários:

De tudo e de nada disse...

Bom dia:)
Como é possível uma pessoa não se sentir bem depois de ter sonhado com a "casa da infância"? A descrição é amena, doce, pacífica. Acordaste com a mão esfolada? Foi da queda da bicicleta. Espero é que um dia possas materializar esse sonho. Boa semana*

Teresa Durães disse...

Ai, as quintas de infância. Também tenho a minha.

A de tudo e de nada quer que esfoles a mão? coisa estranha...

:)

Boa tarde

linhas tortas disse...

A fotografia é mto bonita porque sensual e bastante feminina.
Quanto ao te sentires bem, é bom saber isso pois fico real e virtualmente contente.A respeito de bicicletas, engraçado, este fim-de-semana também andei mas não em sonhos, foi mesmo real e que o digam as minhas pernas e não só!!! Só não fui apanhar maças mas o sítio estava agradavel.

butterfly disse...

Linhas, és a segunda pessoa a fazer essa leitura, da fotografia.
Quando a tirei, a intenção foi outra.:)

butterfly disse...

As casas de infância cheiram sempre bem.

nnannarella disse...

Quinta, maçãs, alpendre… lia-te e só me lembravas A Sibila, da Agustina.
Esse maravilhoso romance está cheio de maçãs, do cheiro a maçãs, frascos de compota... E dizem os exegetas que a maçã é símbolo de matriarcado, preponderância do universo feminino. Eva, naturalmente ?...

Gostei imenso da descrição.
E fiquei com o cheiro de maçãs verdes,
um dos meus dilectos.

rach. disse...

Ao ler-te... lembrei-me da casa dos meus avós e da minha meninice, de um mundo que ainda hoje me parece perfeito. Havia maçãs, romãs,uvas, melão, pêssegos, alperces...um sem fim de fruta nessa dependência da casa. Era aí que se guardava a fruta a comer no momento e no futuro, para quando não houvesse. Também me lembro da azafama das compotas,do velho fogão e da lareira amena que nos abraçava nas noites mais frias e do o avô nos contava histórias...