Ofereceram-me um livro no início das minha últimas férias. supostamente era para ser lido naqueles bocadinhos que me sobram, antes de adormecer.

Nessa mesma noite, apesar do cansaço, iniciei a leitura, sentindo-me mais aconchegada na cama que mal conhecia.

O tempo voou e acabei por pousá-lo quandos os olhos começaram a fechar-se e o "Arcanjo" passou a viajar no meu subconsciente.

Pelas cinco da madrugada, fui acordada por um enorme estrondo; levei algum tempo a perceber onde estava e os meus olhos esbugalhados de medo, tentavam perscrutar a escuridão numa tentativa inútil de perceber o que se passava.

Armando-me de toda a coragem que tinha e era pouca, acendi a luz, levantei-me e deambulei, só, pela casa.

Descobri, então, o causador de tão grande susto: um quadro de dimensão considerável resolveu, por vontade própria, soltar-se da parede e cair no chão, assustando-me.

Bem desperta e sem conseguir voltar a adormecer, peguei no livro e reiniciei a leitura interrompida poucas horas antes.

Fui saboreando devagar, cada página, cada capitúlo como se de uma iguaria se tratasse.

Terminei-o ao rair do dia, desejando não o ter feito para prolongar o prazer.

Falo de "A Máquina do Arcanjo" de Frederico Lourenço.